quarta-feira, 1 de junho de 2011

Hipotireoidismo

Se não tratada adequadamente, a patologia pode desencadear problemas mais graves, como alterações nos níveis de colesterol e pressão alta.

A patologia acomete 3% da população e a prevalência é maior em idosos e mulheres.
A vida Natural conversou com Alex Leite, endocrinologista do Hospital Maternidade São Luiz, para tirar a limpo qualquer confusão sobre o distúrbio.

Como podemos definir o hipotireoidismo?
Hipotireoidismo (ou hipotiroidismo) é uma doença clínica resultante da falta do hormônio tireoidiano. A tireoide é a glândula produtora desses hormônios que, por sua vez, são fundamentais para o controle do metabolismo e funcionamento adequado dos nossos órgãos.

O que provoca essa doença?
A causa mais comum é a tireoidite autoimune (também conhecida como tireoidite de Hashimoto), ou seja, um ataque do sistema imune contra a própria glândula tireoide. 

Outras causas são: a remoção cirúrgica da glândula, o uso de iodo radioativo, o hipotireoidismo de causa hereditária, o uso de medicamentos que atrapalham o funcionamento da glândula e a deficiência de iodo na alimentação. Os causadores podem ser também problemas na glândula hipófise (responsável pela produção do hormônio tiroestimulante) ou doenças infiltrativas da tireoide, como amiloidose, sarcoidose e hemocromatose.

Quais são os sintomas?
Intolerância ao frio, pele seca, fadiga, sonolência, depressão, perda de memória, constipação intestinal, unhas quebradiças, queda de cabelo, rouquidão, alteração menstrual e dores articulares.

Por que o hipotireoidismo causa cansaço?
Por falta dos hormônios tireoidianos, importantes por regularem funções metabólicas essenciais para o organismo saudável, como a queima de energia, a produção de calor e a renovação celular.

A doença também pode ser responsável pelo aumento de peso?
O aumento do peso no hipotireoidismo é modesto. O que ocorre é uma retenção hídrica e uma lentidão da atividade metabólica e da queima de energia. Mas vale lembrar que a doença não é uma causa isolada de obesidade.

Como saber se estou no grupo de risco da doença?
Essa é uma patologia relativamente comum, chegando a acometer 3% da população. A prevalência é maior em indivíduos idosos e no sexo feminino, com relatos mostrando de 2 a 8 vezes mais mulheres com hipotireoidismo do que homens. O motivo dessa diferença ainda não é claro, mas parece estar relacionado aos hormônios femininos. 


Por existir um forte componente de hereditariedade, pessoas com disfunção da glândula tireoidiana na família também apresentam riscos maiores de desenvolver a doença.

Uma mulher que tenha apresentado hipotireoidismo pode ter dificuldades para engravidar?
A doença pode, sim, atrapalhar a gestação, porém, isso só ocorre quando o tratamento não está adequado. Mulheres com hipotireoidismo não tratado ou com tratamento irregular apresentam maior risco de infertilidade e podem evoluir para parto prematuro ou abortamento precoce.

Durante a gestação, a doença pode trazer complicações ou influenciar na formação do bebê?
Por motivos relacionados à fisiologia da mulher grávida, a necessidade de hormônio tireoidiano aumenta de 30% a 50% durante esse período. Por isso, a mulher pode precisar de ajustes na dose desse hormônio, para manter uma dosagem hormonal adequada durante toda a gestação. 

A atenção a esse cuidado se faz necessária para garantir a gravidez com segurança e o desenvolvimento neurológico do feto até que ele seja capaz de produzir seu próprio hormônio tireoidiano.

As mulheres com mais de 30 anos ou que acabaram de ter um bebê têm mais chances de apresentar o problema?
Nos meses que se seguem após o nascimento do bebê, as mulheres têm maior chance de desenvolver tireoidite pós-parto. Essa inflamação na tireoide pode promover uma fase de tirotoxicose (excesso de liberação de hormônio tireoidiano), seguida de hipotireoidismo transitório ou definitivo. 

Não se sabe exatamente o motivo, mas acredita-se ser uma manifestação autoimune, decorrente de alterações no sistema imunológico no período pós-parto.

Há recomendações diferenciadas para a alimentação de pacientes com hipotireoidismo?
Não. A recomendação alimentar é a mesma de qualquer outro indivíduo que não tenha a patologia: uma dieta saudável. O mesmo vale para atividades físicas. A pessoa só terá maior dificuldade para se exercitar caso não esteja tratando adequadamente o hipotireoidismo. 

É uma doença passível de tratamento e, uma vez restabelecida a função tireoidiana, o indivíduo pode levar uma vida normal.

O estresse pode provocar a doença?
Esse assunto é muito controverso. Alguns autores sugerem existir uma associação de transtornos emocionais com o aparecimento de doenças autoimunes. Nesse caso, entraria a tireoidite de Hashimoto que, como comentei antes, faz parte desse grupo de doenças e é a principal causa de hipotireoidismo.

Tem cura?
Salvo os casos de tireoidites transitórias, ou seja, quando há uma fase de hipotireoidismo seguida de melhora da função da glândula. Mas não tem cura. No entanto, possui tratamento. É fundamental a reposição do hormônio tireoidiano que a glândula deixou de produzir. 

A reposição se dá pelo uso de um comprimido todo dia em jejum, que contém o hormônio levotiroxina (T4). A dose é individualizada.

Se não for tratado adequadamente, o hipotireoidismo pode desencadear outras complicações ainda mais graves para a saúde?
Pode promover alterações nos níveis de colesterol, na pressão arterial e no rendimento físico e metabólico do indivíduo. Se não tratado também leva a uma situação de extrema gravidade que é o coma mixedematoso. 

Esse estágio, mais raro, é caracterizado por alteração do estado mental, edema (inchaço), redução da produção de energia e comprometimento renal, respiratório, cardiológico e gastrointestinal.

Qual a diferença entre hipotireoidismo e hipertireoidismo?
São doenças diferentes, que provocam sintomas inversos. Hipotireoidismo é a deficiência (falta) de hormônios tireoidianos, enquanto o hipertireoidismo é o excesso deles e pode causar irritabilidade, insônia, ansiedade, perda de peso, hiperatividade, aumento da transpiração e redução do fluxo menstrual.

 

Créditos: revistavidanatural.com.br

2 comentários:

  1. "Não tem cura", "não tem dieta específica pra doença". Essas são as maiores mentiras que se pode dizer para alguém com esse problema. Hipotireoidismo é uma doença muito complexa, e estresse pode sim desencadeá-la.

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    1. Bom dia Ingrid!
      Postei esta matéria, depois de muita pesquisa em 2011, por causa de uma amiga que sofre desta doença (tem 53 anos). Ela é "alegre", pratica atividade física e mesmo depois ter mudado sua dieta, ainda não encontrou a cura. Tem que tomar um comprimido todos os dias.
      E com certeza você tem razão, o estresse pode desencadear problemas sérios de saúde.
      Sabemos que somos o que comemos, isto é, o que captamos através dos cinco sentidos: tato, olfato, visão e audição, além do paladar.

      Agradeço pela visita!

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