A
cena é cada vez mais comum. Em shows, em mesas de bares e restaurantes, no meio
da rua. Pessoas mantêm os olhos conectados a um pequeno aparelho enquanto
digitam freneticamente. O efeito é quase hipnótico, a ponto de o mundo em volta
não fazer muito sentido.
Todos os sentidos, aliás, estão concentrados na
pequena luz a processar texto, imagem e som. Para muitas crianças, jovens e
adultos – homens e mulheres – tornou-se um vício. Com alto potencial de risco,
principalmente em meio ao trânsito, para pedestres e motoristas.
Entre aqueles
que já nasceram “plugados” em computadores, celulares, tablet, videogames etc,
cresce o número de quem precisa de tratamento para livrar-se do uso obsessivo.
Muitos não “desligam” e passam a sofrer transtornos físicos e psicológicos.
Desconectados
do mundo real, não têm vontade de estudar e de brincar ao ar livre. No ambiente
familiar, as conversas passam a ser intermediadas por telas eletrônicas.
Diálogos tornam-se monossilábicos. Quando encontram amigos, a relação é mediada
pelo mundo virtual.
O assunto principal é o da tela eletrônica. Há uma urgência
em fotografar o lugar, as pessoas, e enviar mensagens para amigos que fazem o
mesmo de onde estão. Mundos interconectados em redes. Excesso de informação.
Crianças, adolescentes e jovens – principalmente – dormem cada vez menos, o que
causa danos à saúde. A mente não repousa mais, está sempre agitada.
O uso
desses aparelhos esconde riscos que precisam ter a atenção dos pais. Dos sites
pornográficos aos pedófilos que buscam suas vítimas na rede, há muitos perigos.
Doenças como LER – Lesão por Esforço Repetitivo – já são frequentes entre
adolescentes e jovens que nem mesmo ingressaram no mundo do trabalho. E são
lesões sérias que podem incapacitar.
Nem é preciso falar nas mais comuns, como sedentarismo,
obesidade, problemas de visão e isolamento social. Os pais precisam, desde
cedo, estabelecer regras e negociações para o uso dessas tecnologias.
A
Academia Americana de Pediatria e a Sociedade Canadense de Pediatria afirmam
que crianças de zero a dois anos não devem ter nenhuma exposição à tecnologia;
crianças de três a cinco anos devem ser limitadas a uma hora de exposição por
dia, e crianças e adolescentes de seis a 18 anos devem restringir-se a duas
horas por dia.
No entanto, um estudo mostrou que crianças e jovens usam de
quatro a cinco vezes a quantidade de tecnologia recomendada, com consequências
graves, principalmente para o aprendizado. Longe de ser uma vantagem, há um
atraso no desenvolvimento cognitivo, porque os jovens não conseguem
concentrar-se em nada.
Tudo flui, delirantemente, no cérebro, como uma droga
potente. A saída, como sempre, é prevenir. E usar com moderação.
Celso Vicenzi -Jornalista
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