terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Os girassóis e nós

Eles são submissos.
Mas não há sofrimento nesta submissão. A sabedoria vegetal nos conduz a uma forma de seguimento surpreendente.
Fidelidade incondicional que os determina no mundo, mas sem escravizá-los. A lógica é simples. 

Não há conflito naquele que está no lugar certo, fazendo o que deveria. É regra da vida que não passa pela força do argumento, nem tampouco no aprendizado dos livros. É força natural que conduz o caule, ordenando e determinando que o girassol realize o giro, toda a vez que mudar a direção do regente.

Estão mergulhados numa forma de saber milenar, regra que a criação fez questão de deixar na memória da espécie. Eles não podem sobreviver sem a força que os ilumina. Por isso, estão entregues aos intermitentes e místicos movimentos de procura. Eles giram e querem o sol. Eles são os girassóis.
Deles me aproximo. Penso no meu destino de ser humano. Penso no quanto eu também sou necessitado de voltar-me para uma força Regente, Absoluta, Determinante.

Preciso de Deus!
Se para Ele não me volto, corro o risco de me desprender da minha possibilidade de ser feliz. É Nele que meu sentido está todo contido. Ele resguarda o infinito de tudo o que ainda posso ser.
Descubro maravilhado. Mas, no finito que me envolve, posso descobrir o desafio de antecipar, no tempo o que Nele já está realizado.
Então intuo.

Deus me dá aos poucos, em partes, dia a dia, em fragmentos. Eu Dele recebo, assim como o girassol recebe do sol, porque não pode sobreviver sem sua luz. A flor condena, ainda que de forma limitada, porque é criatura, o todo de sua natureza que o sol potencializa.

O mesmo é comigo. O mesmo é com você. Deus é nosso Sol, e nós não poderíamos chegar a ser quem somos, em essência, se Nele não colocamos a direção dos nossos olhos. Cada vez que o nosso olhar se desvia de Sua regência, incorremos no risco de fazer o nosso sol o que na verdade não passa de luz artificial. A vida é o lugar da Revelação Divina. É na força da história que descobrimos os rastros do Sagrado. 

Não há nenhum problema em descobrir realidades humanas, algumas escadarias que possam chegar ao céu. Mas não podemos pensar que a escadaria é o lugar definitivo de nossa busca. Parar os nossos olhos no humano que nos fala sobre Deus é o mesmo que distribuir fragmentos de pólvora pelos cômodos de nossa morada. Um risco que não podemos correr.

Tudo que é humano é frágil temporário, limitado. Não é ele que pode nos salvar. Ele é apenas um condutor. Nele é que podemos encontrar o que verdadeiramente importa. Ele é o fundamento de tudo o que nos faz ser o que somos. Ele, o Criador de toda a realidade. Deus trino, onipotente, Fonte de toda a Luz!

Sejamos como os girassóis.
Uma coisa é certa. Nós estamos todos num mesmo campo. Há um em cada um de nós, uma essência que nos orienta para o verdadeiro lugar a que precisamos chegar, mas nem sempre realizamos o movimento da procura da Luz. Sejamos afeitos a este movimento místico, natural. 

Não prenda os seus olhos no oposto da sua felicidade. Não queira o engano dos artifícios que insistem em distrair a nossa percepção. Não podemos substituir o essencial pelo acidental. É a nossa realização que está em jogo.
Girassol só pode ser feliz, se para o sol estiver orientado. É por isso que eles não perdem tempo com as sombras. Eles já sabem, mas nós precisamos aprender.

Autor: Pe. Fábio de Melo
          Bambamel Natural
          Enviado por e-mail(Eva Silva Couto)

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