segunda-feira, 18 de maio de 2015

Padrão devastador de beleza

Se colocarmos na balança as mulheres que não têm anorexia ou outros transtornos alimentares, mas rejeitam uma área do corpo de maneira obsessiva e autopunitiva, o número será estratosférico. 

Talvez centenas de milhões ou muito mais de 1 bilhão. Entre as mulheres, 70% se vestem para as outras.

Não é o que elas pensam de si o que importa, mas como as outras as julgam. Em algumas sociedades desenvolvidas 3% das mulheres realmente se sentem belas.

Na época do nazismo, havia campos de concentração como Auschwitz, Treblinka, Belzec. Neles, as mulheres eram privadas dos filhos, maridos, cobertores, alimentos. 

Eram, violentadas de fora para dentro. Hoje, as mulheres são privadas da sua liberdade emocional, de homenagear seu patrimônio genético, de construir sua autoimagem e solidificar sua autoestima.

Mas quem é o carrasco das mulheres hoje? Não temos tirânicos visíveis como Hitler, os nazistas, o tirânico é o próprio sistema social. Mas quem é o sistema? 

Todos nós. Somos vitimas e construtores dele. No fundo, todos nós somos culpados... Em especial os homens, mas as mulheres, contaminadas  pela nossa loucura, têm apoiado o próprio padrão tirânico de beleza.

Do lado educacional, em todas as escolas de todas as nações os alunos deveriam ser ensinados a respeitar o próprio corpo, valorizar seu patrimônio genético e psíquico e entender que a beleza não pode ser padronizada, comprada ou vendida. 

Beleza está nos olhos de quem vê.

As mulheres da atualidade querem a qualquer custo vencer a lei da gravidade. 

Desculpem-me, mas elas se esquecem que com o passar do tempo tudo cai e se espalha um pouco. O que fazer? 

É possível fazer peelings, preenchimentos, laser, plástica e milhares de outros procedimentos estéticos, mas não é possível fazer uma plástica no cérebro, nem implantar um romance com a própria história e muito menos deletar os monstros arquivados no inconsciente.


Deveríamos repensar as bases do capitalismo. Ele não pode sobreviver pelo consumo sem limite e pelo “ter” a qualquer custo, pelo aumento das vendas a qualquer preço. 

Os agentes do capitalismo deveriam usar na indústria da moda, em vez das modelos, a imagem das mulheres com padrão “normal”, e isso também vale para a industria dos cosméticos, do mundo das jóias, bem como nos programas de TV, mídia eletrônica e impressa.

Mas será que as consumidoras não ficarão chocadas? Será que as vendas dos produtos não cairão? 

Alguns poderão perguntar. Talvez, na fase inicial, essa quebra de paradigma não atraía nem sequer mulheres “normais”, em razão das plataformas no inconsciente coletivo, mas aos poucos a saúde psíquica será promovida e as vendas retornarão.

Assim como as empresas que cuidarem do meio ambiente terão a preferência do consumidor, as empresas que cuidarem do meio ambiente emocional das mulheres conquistarão também sua preferência. 

Créditos: texto adaptado – Augusto Cury 

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