Quantas vezes imaginamos a mágoa como aquilo que temos
direito de ter e de levar para sempre? Isso nos deixa um pouco amargos. Mágoa
em relação a alguém que nos ofendeu e isso gerou raiva. O memoralista e médico
Pedro Nava, no livro Baú de ossos, diz: “Eu não tenho ódio, eu tenho memória”.
Isto é, eu não estou odiando, mas algumas coisas não consigo esquecer. Algumas
coisas eu não quero esquecer, algumas coisas não devem ser esquecidas: a ofensa
que encontrou terreno para a humilhação, a capacidade de machucar alguém com
violência física ou simbólica, um massacre produzido sobre uma comunidade. Não
é para se ter ódio, mas é para se ter memória, que serve também para que não
sejamos capazes de repetir ou de admitir que se repita aquilo que conosco
fizeram.
Mario Sergio Cortella, autor de “Pensar bem nos faz bem”! –
Ed. Vozes
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