Quantos monstros imaginários foram arquivados nos subsolos
da sua mente furtando seu prazer de viver e dilacerando seus sonhos?
Todos
temos monstros escondidos por detrás da nossa gentileza e serenidade.
A maneira
como enfrentamos as rejeições, decepções, erros, perdas, sentimentos de culpa,
conflitos nos relacionamentos, críticas e crises profissionais, pode gerar
maturidade ou angústia, segurança ou traumas, líderes ou vítimas.
Alguns momentos geraram conflitos que mudaram nossas vidas,
ainda que não percebamos.
Algumas pessoas não se levantaram mais, depois de
certas derrotas. Outras nunca mais tiveram coragem de olhar para o horizonte
com esperança depois de suas perdas.
Pessoas sensíveis foram encarceradas pela
culpa, tornaram-se reféns do seu passado depois de cometerem certas falhas. A
culpa as asfixiou.
Alguns jovens
extrovertidos perderam para sempre sua autoestima depois que foram humilhados
publicamente.
Outros perderam a primavera da vida porque foram rejeitados por
seus defeitos físicos ou por não terem um corpo segundo o padrão doentio de
beleza ditado pela mídia.
Alguns adultos nunca mais se levantaram depois de
atravessar uma grave crise financeira.
Mulheres e homens perderam o romantismo
depois de fracassarem em seus relacionamentos afetivos, após terem sido
traídos, incompreendidos, feridos ou não amados.
Filhos perderam a
vivacidade nos olhos depois que um dos pais fechou os olhos para a existência.
Sentiram-se sós no meio da multidão.
Crianças perderam sua ingenuidade depois
da separação traumática dos pais. Foram vítimas inocentes de uma guerra que
nunca entenderam. Trocaram as brincadeiras pelo choro oculto e cálido.
A complexidade
da mente humana nos faz transformar uma borboleta num dinossauro, uma decepção
num desastre emocional, um ambiente fechado num cubículo sem ar, um sintoma físico
num prenúncio da morte, um fracasso num objeto de vergonha.
Precisamos resolver nossos monstros secretos, nossas feridas
clandestinas, nossa insanidade oculta (Foucault, 1998).
Não podemos nunca
esquecer que os sonhos, a motivação, o desejo de ser livre nos ajudam a superar
esses monstros, vencê-Ios e utilizá-Ios como servos da nossa inteligência.
Não
tenha medo da dor, tenha medo de não enfrentá-Ia, criticá-Ia, usá-Ia.
Referência bibliográfica
Cury, Augusto Jorge, 1958 Nunca desista dos seus sonhos /
Augusto Cury. - Rio de Janeiro: Sextante, 2004 ISBN 85-7542-149-2
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