Imagem: BBCBrasil |
Um pedófilo é uma
pessoa que sente forte atração por crianças pré-púberes (um erro comum da mídia
é definir um pedófilo como qualquer pessoa atraída a alguém menor de idade,
estendendo a definição às pessoas que se sentem atraídas por adolescentes, o
que é incorreto). Um hebéfilo é alguém cujo interesse amoroso são
pré-adolescentes. Já o efebófilo é uma pessoa atraída por adolescentes ou
pessoas no final da adolescência. Um molestador de crianças é, claro, uma
pessoa que molesta crianças, independentemente de suas preferências sexuais. (Wikihow)
Por Erika Zidko: de
Roma para a BBC Brasil
Os riscos do uso
precoce e não monitorado da internet por parte de crianças são subestimados,
afirma o advogado americano Ernie Allen, um dos maiores especialistas do mundo
no combate a crimes de exploração infantil. Ele também é consultor de
autoridades de países como Estados Unidos, Inglaterra e Itália e de empresas de
tecnologia como Microsoft, Google e Facebook. Em 1998, ele fundou o Centro
Internacional para Crianças Desaparecidas e Exploradas (ICMEC, na sigla em
inglês), rede global de proteção ao abuso e à exploração sexual infantil,
presente em 22 países, inclusive no Brasil.
Imagem: BBCBrasil |
“A internet mudou o
mundo e isto é fantástico. Com ela as crianças podem aprender, se divertir e
entrar em contato com pessoas com os mesmos interesses", argumenta.
"O lado negativo é a enorme exposição de menores de idade a imagens de
conteúdo adulto, a comportamentos de agressão verbal e bullying, à pornografia,
além da proliferação de crimes como roubo de identidade, uso inapropriado de
dados pessoais, tráfico de armas, venda de drogas e redes de pedofilia”.
De acordo com
Allen, o convívio das crianças com tais assuntos pode modificar a percepção do
que é normal, o modo como elas se relacionam com o sexo oposto e como interagem
com o mundo. "Vivemos em uma sociedade onde sexualização de crianças é
vista como natural".
Ele cita um estudo
americano realizado em 2009, que revela que 53% dos meninos e 28% das meninas
com idade entre 12 e 15 anos assistem a cenas sexo explícito na rede. A
pesquisa mostrou ainda que 32% de crianças de dez anos estão expostas à
pornografia online.
"Existem
medidas simples e básicas para minimizar os riscos para as crianças, mas são
pouco utilizadas pelas famílias. As empresas de tecnologia têm feito um enorme
esforço para promover o uso gratuito de filtros e sistemas de bloqueio de
conteúdos inapropriados para menores, mas apenas 28% dos pais empregam estes
sistemas. No caso de celulares é ainda pior: o uso cai para 16%".
"As redes
sociais representam uma grande oportunidade de socialização, ajudam a encontrar
pessoas desaparecidas, a promover mobilizações, mas as crianças não deveriam
usá-las", opina.
“O principal
problema a ser enfrentado, segundo o especialista, é o aumento de casos de
pedofilia online. Estima-se que mais de 1 milhão de imagens de pornografia
infantil circulem via web. "Com a internet, ficou mais fácil e menos
arriscado cometer esses crimes".
Em 2002, o ICMEC
criou um um sistema para tentar identificar as vítimas de pedofilia retratadas
em imagens que circulam na rede. Segundo Allen, no primeiro ano de atividade, o
centro recebeu cerca de 60 mil fotografias. Em 2014, o serviço recebeu mais de
24 milhões de imagens, entre fotos e vídeos. "E não estamos falando de
fotografias com crianças em toalha de banho. Mais de 80% das imagens retratam a
penetração sexual das vítimas."
"Garantir a
liberdade de expressão a esse grupo é um propósito nobre. O problema é que não
são as únicas pessoas a utilizar este sistema. É fundamental que haja
rastreabilidade dos acessos e das atividade realizadas na web. Precisamos ser
capazes de chegar à pessoa que cometeu o crime. A obrigação máxima de cada país
é proteger a infância".
Segundo os dados
das principais companhias de tecnologia americanas, o Brasil está entre os
países com maior incidência de denúncias por divulgação de imagens de
pornografia infantil, ao lado de EUA, México, Índia, Indonésia e Tailândia.
"O Brasil tem
feito muitos avanços para combater a exploração infantil em geral, mas ainda há
muito a ser feito", diz ele, citando os trabalhos contra a prostituição de
menores realizados durante os preparativos para a Copa do Mundo e o empenho da
juíza mineira Simone dos Santos Lemos Fernandes, que conheceu nos Estados Unidos,
em um projeto do International Centre for Missing and Exploited Children
(ICMEC).
Para Allen,
individualizar os criminosos e identificar as vítimas de pedofilia é uma
emergência que requer empenho global. Ele sugere a criação, por parte de cada
país, de um arquivo de fotos compartilhado com o banco de dados da Interpol e a
adoção de tecnologias que permitem o reconhecimento de imagens de pedofilia,
mesmo após terem sido modificadas, como o PhotoDNA, desenvolvido pela Microsoft
e adotado por companhias como Facebook, Google, Twitter.
Segundo Allen, um
dos únicos líderes mundiais a discutir seriamente o tema da pedofilia online é
o atual primeiro-ministro inglês, David Cameron.
Cameron solicitou
às quatro principais empresas de tecnologia do país sistemas que bloqueiem
automaticamente o acesso a sites inapropriados para menores de idade em todos
os componentes eletrônicos.
"É um ótimo
sistema. Os adultos continuam podendo acessar o que quiserem. A única diferença
é que, para visitar determinados sites, é preciso uma solicitação".
Em 16 e 17 de
novembro (2015), será realizado nos Emirados Árabes Unidos o próximo encontro
do seminário internacional "We Protect Children".
"Espero que o
governo brasileiro participe com um alto representante. Se não for possível a
presença da presidente da República, que participe pelo menos o ministro da
Justiça", diz Allen.
Créditos: BBCBrasil
Sem comentario., um horror, um beijo amiga
ResponderExcluir