segunda-feira, 23 de maio de 2016

Não há hormônios nos frangos no Brasil, mas há antibióticos, e isso pode ser um problema

A existência de hormônios nos frangos vendidos em supermercados do país é um mito já desmentido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Um estudo divulgado pelo órgão, em 2013, comprovou a ausência da sustância.
Ainda assim há motivos para preocupação em relação aos elementos utilizados para promover o crescimento das aves: no caso, antibióticos. O uso indiscriminado do remédio, que não é proibido por lei, pode levar ao surgimento de bactérias resistentes a tratamento, uma vez que o antibiótico mata os micro-organismos mais fracos, permitindo que os mais fortes se proliferem.
Uma pesquisa realizada em 2015 pela entidade de defesa ao consumidor Proteste, com 50 marcas de peitos de frango congelados comprados no supermercado, encontrou bactérias resistentes a antibióticos em todos eles.
Em 2008, a Anvisa já havia alertado para a questão após encontrar salmonelas (bactérias que causam doenças alimentares) resistentes a drogas em amostras de frango.
Essas bactérias, quando ingeridas pelos humanos na alimentação, podem causar infecções urinárias, gastrenterites e outros problemas graves, principalmente em grupos mais vulneráveis, como crianças e idosos.
Técnicos do Ministério da Agricultura explicam que o uso dos antibióticos é permitido, desde que seja cumprido um período para que a substância seja eliminada do organismo do animal antes do abate. Ainda assim, a questão preocupa pela insuficiência de fiscalização no país.
Uso de antibióticos em animais
Os mesmos remédios que são usados para tratar doenças em humanos -como tetraciclina, estreptomicina e penicilina- são usados na criação de bovinos, suínos e aves há mais de 50 anos. Não apenas para promover o crescimento rápido dos animais, mas também para combater micro-organismos que podem prejudicá-los.
O problema é que, mesmo após o remédio ser eliminado do organismo dos animais junto com as pequenas bactérias, ficam aquelas que criaram resistência ao remédio.
Os genes de resistência passam de célula para célula, sendo rapidamente transmitido para um grupo grande de micro-organismos. Da mesma forma, essas bactérias-mutantes, ou super-bactérias, passam de um animal para outro, e deles para o ser humano, causando doenças graves.
A contaminação dos seres humanos pode acontecer de muitas formas: pelas fezes, no caso de quem lida diretamente com os animais, ou pela alimentação, caso de consumidores.
Alimentos orgânicos
O uso dos antibióticos na criação dos animais segue permitido por lei não só no Brasil, mas em outros países, como os EUA, e isso não deve mudar tão cedo.
Além do lobby feito pela indústria farmacêutica, os antibióticos de fato promovem o crescimento mais rápido dos animais, sendo defendido pelos criadores. A não utilização dos remédios aumentaria o custo de produção, aumentando consequentemente o valor do produto. Cientistas também alegam que é difícil rastrear a origem de super-bactérias.
Entre as medidas que consumidores podem tomar, de primeira mão, está a opção pelo consumo de frango orgânico -geralmente criado por pequenos produtores sem o uso de nenhum produtos sintéticos, o que torna o alimento mais caro.
Grandes produtores, não orgânicos, também passaram a oferecer a opção isenta de antibiótico. O produto custa até 40% mais.  

Créditos: NexoJornal

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