A existência de
hormônios nos frangos vendidos em supermercados do país é um mito já desmentido
pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Um estudo divulgado pelo órgão, em 2013, comprovou a ausência da sustância.
Ainda assim há
motivos para preocupação em relação aos elementos utilizados para promover o
crescimento das aves: no caso, antibióticos. O uso indiscriminado do remédio,
que não é proibido por lei, pode levar ao surgimento de bactérias resistentes a
tratamento, uma vez que o antibiótico mata os micro-organismos mais fracos,
permitindo que os mais fortes se proliferem.
Uma pesquisa realizada em 2015 pela entidade de defesa ao consumidor Proteste, com 50
marcas de peitos de frango congelados comprados no supermercado, encontrou
bactérias resistentes a antibióticos em todos eles.
Em 2008, a Anvisa já
havia alertado para a questão após encontrar salmonelas (bactérias que causam doenças
alimentares) resistentes a drogas em amostras de frango.
Essas bactérias,
quando ingeridas pelos humanos na alimentação, podem causar infecções
urinárias, gastrenterites e outros problemas graves, principalmente em grupos
mais vulneráveis, como crianças e idosos.
Técnicos do
Ministério da Agricultura explicam que o uso dos antibióticos é permitido, desde que seja cumprido um período para que a substância seja
eliminada do organismo do animal antes do abate. Ainda assim, a questão
preocupa pela insuficiência de fiscalização no país.
Uso de antibióticos
em animais
Os mesmos remédios
que são usados para tratar doenças em humanos -como tetraciclina,
estreptomicina e penicilina- são usados na criação de bovinos, suínos e aves há mais de 50 anos. Não apenas para
promover o crescimento rápido dos animais, mas também para combater micro-organismos
que podem prejudicá-los.
O problema é que,
mesmo após o remédio ser eliminado do organismo dos animais junto com as
pequenas bactérias, ficam aquelas que criaram resistência ao remédio.
Os genes de
resistência passam de célula para célula, sendo rapidamente transmitido para um grupo grande de
micro-organismos. Da mesma forma, essas bactérias-mutantes, ou super-bactérias,
passam de um animal para outro, e deles para o ser humano, causando doenças
graves.
A contaminação dos
seres humanos pode acontecer de muitas formas: pelas fezes, no caso de quem
lida diretamente com os animais, ou pela alimentação, caso de consumidores.
Alimentos orgânicos
O uso dos antibióticos
na criação dos animais segue permitido por lei não só no Brasil, mas em outros
países, como os EUA, e isso não deve mudar tão cedo.
Além do lobby feito
pela indústria farmacêutica, os antibióticos de fato promovem o crescimento
mais rápido dos animais, sendo defendido pelos criadores. A não utilização dos
remédios aumentaria o custo de produção, aumentando consequentemente o valor do
produto. Cientistas também alegam que é difícil rastrear a origem de
super-bactérias.
Entre as medidas que
consumidores podem tomar, de primeira mão, está a opção pelo consumo de frango
orgânico -geralmente criado por pequenos produtores sem o uso de nenhum
produtos sintéticos, o que torna o alimento mais caro.
Grandes produtores,
não orgânicos, também passaram a oferecer a opção isenta de antibiótico. O produto custa até 40%
mais.
Créditos: NexoJornal
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