segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Por que as abelhas estão sumindo?

Muitos fatores estão contribuindo para a escassez mundial das abelhas, dentre eles está aplicação indiscriminada de pesticidas. Estes são altamente tóxicos para as mesmas e demais polinizadores. No Brasil seu uso é crescente, e confere ao país o título de campeão mundial de consumo de agrotóxicos.
As mudanças climáticas têm impulsionado a proliferação de pragas, como a Helicoverpa armigera, que ataca culturas importantes, como soja, milho e feijão. 

Para enfrentar o ataque de pragas, muitos produtores rurais usam agrotóxicos indiscriminadamente e, com essa prática surgem efeitos que exterminam as abelhas. 

Os principais pesticidas que conferem destaque em ocorrências de desaparecimento das abelhas são o fipronil e três neonicotinoides: imidacloprida, clotianidina e tiametoxa.
Estes são absorvidos pelas plantas e atingem inclusive o pólen e néctar das flores, contaminando as abelhas quando as polinizam. 

Eles atuam causando problemas na memória de navegação, fazendo com que as abelhas campeiras se desorientem e percam sua capacidade de retornar às colmeias, morrendo longe das mesmas.
A pulverização aérea destes e outros agrotóxicos é responsável pela contaminação direta de apiários e enxames silvestres. Erros de aplicação ou ação inesperada do vento podem provocar o efeito de deriva, levando o produto para áreas não desejadas, como matas e florestas.
O distúrbio do colapso das colônias (em inglês, Colony Collapse Disorder, CCD), se refere à dizimação em massa de populações de abelhas, atualmente ocorrendo em diversos países. 

O CCD é provavelmente o efeito de uma reação em cadeia, causado por diversos fatores: desmatamento, queimadas, doenças, ácaros, mudanças climáticas, déficit nutricional e principalmente aplicação de agrotóxicos e cultivos transgênicos.
Em 2012, devido a ocorrência de vários casos de CCD no Brasil, O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), proibiu temporariamente a aplicação dos 4 inseticidas citados acima. 

Posteriormente, por pressão do poderoso lobby do agronegócio, o Ibama teve de ceder e baixou duas instruções normativas com a Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. 
Essas instruções enfraqueceram a medida anterior. A primeira delas, de outubro de 2012, liberou a pulverização aérea dos quatro agrotóxicos, e a segunda, publicada no início de janeiro de 2013, flexibilizou ainda mais a medida original, apenas protegendo a floração.
Outro herbicida, o glifosato e o inseticida clorpirifós, foram as causas de morte de 4 milhões de abelhas, no interior de São Paulo em 2014, os laudos solicitados pelo 

Departamento de Agricultura e Meio Ambiente do município de Gavião Peixoto, confirmaram a presença destes compostos nas abelhas afetadas. Estes dois agentes são liberados no Brasil.
Nos cultivos transgênicos, as plantas são desenvolvidas para suportar a massiva aplicação de agroquímicos, portanto, este método de produção, contribui com a mortalidade das abelhas e muitos outros polinizadores.
Outras causas relacionadas são o desmatamento e as queimadas, considerados graves problemas ecológicos do Brasil. 

A exploração predatória e ilegal de madeireiras e a busca por novas áreas para a expansão da atividade agrícolas e pecuária, são as principais causas deste desmatamento, o prejuízo ambiental é imenso. 

As abelhas formam seus ninhos e enxames nas árvores, e estes são completamente exterminados, quando essas árvores são queimadas ou derrubadas. Há visível redução de áreas de nidificação (locais dos ninhos das abelhas) e diminuição considerável de oferta de alimento para elas. 

A estratificação de florestas (pequenas áreas preservadas separadas por grandes áreas devastadas), faz com que seja reduzido o fluxo gênico entre as abelhas de uma mesma espécie (algumas espécies nativas têm pouca autonomia de voo e não conseguem passar de uma mata a outra), diminuindo a variabilidade da espécie.

Outros fatores de mortalidade das abelhas são os parasitas e ácaros. Nosema é um parasita da abelha Apis mellifera, classificado como um fungo. A doença que é adquirida pela ingestão de esporos e transmitida na colmeia por material fecal, prejudica a digestão do pólen, encurtando assim a vida da abelha. 
E a Varroa é um gênero de ácaros ectoparasitas, que infesta e se alimenta dos fluidos corporais de pupas, larvas e indivíduos adultos de abelhas-melíferas do gênero Apis, levando-as à morte. 

A infestação por Varroa é comprovadamente danosa aos enxames. No Brasil, entretanto, as abelhas melíferas são as africanizadas, uma espécie híbrida do gênero Apis, que possui comportamento de muita resistência à Varroa. Pode-se afirmar ser este um problema de pouca significância em nosso país.
Oficialmente, no Brasil, não há muitas informações e dados sobre o distúrbio do colapso das colônias. 

Um aplicativo, o Bee Alert, lançado em 2014 pela campanha Bee Or Not To Be? Iniciativa do CETAPIS (Centro Tecnológico de Apicultura e Meliponicultura do Rio Grande do Norte, segue registrando as ocorrências de desaparecimento e morte de abelhas. Atualmente há registros de 22.985 colmeias afetadas, o que equivale a aproximadamente a 1 bilhão de abelhas mortas.
Diante deste quadro, é possível concluir que com urgência precisamos mudar nossas atitudes com relação ao meio ambiente, caso contrário estaremos fadados a escassez de diversos recursos naturais, incluindo os alimentos.
Fonte: CETAPIS (Centro Tecnológico de Apicultura e Meliponicultura do Rio Grande do Norte).
Créditos: Revista Guia “Orgânicos e Saúde” / Ano II - nº 5 – Julho 2017

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