O que pretendemos de fato quando nos esforçamos
tanto para construir uma imagem exterior? Ana Cristina Koda
Por Flávia Neves
Acredite, mas houve um tempo em
que mulher bonita e sexy era aquela considerada gorda, cheinha, já que isso era
um sinal de saúde e fertilidade. Os estudiosos garantem que, até hoje, quando
um homem se interessa por uma mulher, ele, instintivamente, vê nela a
possibilidade de gerar filhos saudáveis e, assim, propagar os seus genes.
Imagem: TecMundo |
Das mulheres rechonchudas dos retratos
pintados pelos artistas do Renascimento, passando pelas sensuais figuras
femininas dos cartazes Art Nouveau no final do século XIX, até chegarmos aos
conceitos de beleza feminina atuais, vemos que sempre existiram padrões de
beleza para as mulheres e que eles foram sendo alterados à medida que as
relações sociais, os estilos de vida e a tecnologia mudaram.
No nosso tempo, as mulheres dos
anúncios publicitários e das capas de revistas padronizam o ideal de beleza
feminina que é desejado pelos homens e almejado pelas mulheres. O estereótipo
de beleza da mulher está na mídia.
É curioso perceber que essas
mulheres “padrão” estão tanto nas capas das revistas voltadas ao público
masculino quanto naquelas direcionadas ao público feminino. Enquanto o homem deseja
o mulherão da capa, a mulher quer ser aquele mulherão. É a normatização da
beleza.
Imagem: Reprodução |
Mas, essa mulher da capa é real? A pele uniforme,
a barriga lisinha e o rosto perfeito da foto existem graças à maquiagem, aos
truques de luz da fotografia e, principalmente, ao Photoshop, o famoso editor
de imagens que é muito usado para, literalmente, moldar o rosto e o corpo da
pessoa fotografada, corrigindo imperfeições e acentuando características
físicas ideais. Ou seja, o Photoshop virou a ferramenta símbolo da padronização
do estereótipo de beleza feminina que temos.
Imagem: Reprodução
Mas eu acredito que a
facilidade trazida pelo Photoshop para corrigir imperfeições físicas da pessoa
fotografada tem sido usada de maneira a criar figuras enganosas, em especial
nas mulheres. Isso propaga ideais de beleza feminina utópicos e inatingíveis, o
que resulta em uma legião de mulheres frustradas com seus corpos e paranóicas
atrás de um padrão de beleza irreal.
Imagem: TecMundo
E existe toda uma
indústria que vive desta paranóia através das revistas de beleza, das fórmulas
infalíveis de emagrecimento, dos tratamentos estéticos, etc. Esses padrões
estéticos acabam se refletindo em outras questões sociais, já que estar acima
do peso, ou gorda, é visto por muitas pessoas como desleixo, preguiça,
indisciplina, falta de vaidade. Sendo assim, a obesidade também é condenada
moralmente.
Imagem: TecMundo
Como são um reflexo das
nossas relações sociais, os padrões de beleza da mulher que vemos na mídia
refletem a forma com que as mulheres brasileiras encaram, por exemplo, o
envelhecimento, tentando negar a passagem do tempo numa eterna busca da fonte
da juventude. Algumas fotos da atriz Suzana Vieira na revista “Quem’ viraram
exemplos ridicularizados do uso banalizado do Photoshop na “correção” dessas
fotos. É só comparar as fotos da revista com algumas fotos da atriz na praia,
de biquini. Na revista, a pele lisa e uniforme da atriz é totalmente diferente
da realidade.
A paranóia criada por
essa busca pela beleza ideal traz problemas psicológicos e físicos como a
anorexia e a bulimia, distúrbios alimentares que já são considerados, em muitos
países, como problemas de saúde pública.
Uma matéria na revista norte-americana “Glamour” falava sobre a
mulher estar bem consigo mesma e foi ilustrada com uma foto que provocou uma
enxurrada de e-mails de felicitação enviados à editoria da revista. A foto
mostrava uma mulher “normal”, sem correções no Photoshop e exibindo uma barriguinha
saliente.
As leitoras da revista se sentiram imensamente felizes por verem
uma mulher “normal” como elas na revista, ou seja, alguém com quem elas se
identificaram fisicamente, o que raramente acontece. A modelo da foto, que
ficou conhecida como “a garota da página 194”, é considerada uma modelo GG por
vestir manequim 40, o que, convenhamos, é a média do que veste a mulher
brasileira que (ainda) não é considerada gorda.
Texto adaptado
Créditos: Quintal Virtual
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Ha algum tempo ja penso assim minh amiga, acredito que a beleza também vem de dentro, muita preocupação com o exterior,nos tira a atenção do essencial...linda materia. bjo
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