Por Joaquim Caeiro
Vejo a vida como um ato,
parte de um grande processo evolutivo a que podemos chamar teatro, em que cada vivência, experiência
ou situação é apenas o cenário ideal para dar lugar ao que se pretende — a
evolução da Alma.
Se
encararmos a vida dessa forma, percebemos a necessidade de ligações entre -
vidas, e a forma como
todo o processo assume uma continuidade sábia.
Cada um de nós é uma centelha divina,
uma alma, que habita num corpo físico. Talvez no momento em que nos deixamos de ligar
a Terra e ao Coração, dividimo-nos.
Ao observar relacionamentos e a minha própria experiência de
vida chego à conclusão que o grande grupo de centelhas, ou almas que se
aproximam, em tempos, fizeram parte de uma só.
Por todo o processo evolutivo,
pela missão individual e conjunta, andamos milhares de anos em
reconstrução.
Num determinado
momento, após atingirmos a consciência do que somos, apercebemo-nos da forma
como todos aqueles que um dia fizeram parte de nós — ou nós parte deles —, se aproximam e se ligam. Da mesma
forma que uma peça de teatro precisa do ato anterior para dar seguimento à
história, assim é a vida.
Ligados por um fio condutor sábio e cósmico, antes de
regressarmos à Terra, somos orientados pelo nosso guardião interno, ou guia e convidados
a observar tudo o que foi a nossa vida.
De uma forma completamente desapegada, temos consciência do que
fizemos, e como simples observadores, criamos a capacidade de identificar o que devemos
voltar a trabalhar.
Escolhemos a família e todas as condições para essa tarefa e no momento em que damos início ao regresso à Terra e ao
físico, esquecemos, pois tudo foi processado a nível do subconsciente.
A esse nível —
subconsciente — encontra-se todo o mecanismo que nos
permite aceder a memórias e a registros essenciais para darmos continuidade
a todo o processo evolutivo na Terra.
Mecanismo que permite estabelecer
ligações, relacionar e criar aquilo a que chamamos de aprendizagem. Ao conjunto
dos registros e ligações, parte de todo esse mecanismo, chamamos karma.
Porque
acontecem, na maior parte das vezes, as piores coisas às pessoas ‘boas’ e as melhores
coisas às pessoas ‘más’?
Somos seres perfeitos na essência, e imperfeitos pela nossa própria
designação referente à evolução. Não existem pessoas más ou pessoas boas, existem pessoas
apenas!
Habituados a uma sociedade ligada ao fado, ao sofrimento e à religião, crescemos com a ideia de que
existem os bons e os maus.
Como foi referido anteriormente, tudo não passa de
uma forma que arranjamos para explicar e diferenciar comportamentos, através da
palavra, e que, como em todas as áreas da vida, mais uma vez nos esquecemos disso, focalizando
apenas a palavra, sem perceber o seu conteúdo ou essência de base, ou melhor, o
momento antes da própria palavra!
Mas, vamos abrir o coração e a mente e permitir-nos uma
abordagem ligeiramente diferente: se pensarmos que os bons são aqueles que
sofrem pelos outros, que se dedicam aos outros, que esgotam os seus recursos e acabam na miséria ou
situações degradantes, em nome de Deus, de uma fé, ou de conceitos ligados ao que é correto,
e os maus são aqueles que apenas pensam neles mesmos, avançam, sobem na vida, fazem de
tudo para alcançar todos os seus objetivos, então estamos enganados em relação ao
conceito do karma e à forma como a sua atuação os atinge.
Colhemos o que semeamos, e se semeamos
falta de amor- -próprio, falta de auto- estima, falta de focalização no EU, então, só
podemos colher isso mesmo.
Sem
nos apercebermos, ao proceder dessa forma, apenas estamos negando a essência e o
poder interno que existe em nós.
Aqueles que percebem e descobrem aquilo a que
se chama segredo —
que no fundo
corresponde à paz — desenvolvem capacidades para atrair
tudo o que sonham.
Mas, na verdade, o grande segredo da vida é que todo esse
mecanismo já existe e está em funcionamento presente em cada ser,
independentemente da sua consciência e da sua direção.
Só precisamos aprender a geri-lo e a transformá-lo, se necessário, na consciência da
responsabilidade e do compromisso com o EU.
O caminho é tornar-se o seu verdadeiro aprendiz e conseguir manter a paz e a fluidez natural da vida em cada momento.
Créditos: Joaquim Caeiro - Life
coach, professor de meditação, psicoterapeuta da alma, retiros, terapias, treinador
do corpo e da alma, escritor / Revista Zen
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