Dormia e comia
muito pouco e um véu de tristeza permanente a atormentava. Por sugestão de
pessoas próximas decidiu procurar ajuda terapêutica. Na primeira consulta,
falou por meia hora. Depois se calou. E continuou calada nos três encontros
seguintes.
Não é que não quisesse continuar (ou iniciar) a psicoterapia – simplesmente não conseguia falar. Ainda assim tentava: chegava na hora marcada e se empenhava para romper a própria mudez. Cerca de um mês após o início dos encontros o psicólogo interrompeu seu silêncio com palavras que surpreenderam Marta: “É suficiente por enquanto. Na próxima semana, traga um caderno e uma caneta”.
Não é que não quisesse continuar (ou iniciar) a psicoterapia – simplesmente não conseguia falar. Ainda assim tentava: chegava na hora marcada e se empenhava para romper a própria mudez. Cerca de um mês após o início dos encontros o psicólogo interrompeu seu silêncio com palavras que surpreenderam Marta: “É suficiente por enquanto. Na próxima semana, traga um caderno e uma caneta”.
Marta levou o
material pedido e para sua surpresa – conseguiu expressar nos encontros
seguintes muito mais do que imaginava. Por meio da escrita vieram as lágrimas,
o reconhecimento da frustração e da raiva pela perda precoce, as associações
que a remeteram a cenas de morte vividas na infância, as reflexões, de novo as
palavras e um novo alento.
Embora não seja muito comum, em certos casos, alguns psicólogos recorrem, em vez da fala, à escrita. Registrar no papel experiências negativas, como um luto, pode ser uma técnica terapêutica eficaz em determinadas circunstâncias.
Embora não seja muito comum, em certos casos, alguns psicólogos recorrem, em vez da fala, à escrita. Registrar no papel experiências negativas, como um luto, pode ser uma técnica terapêutica eficaz em determinadas circunstâncias.
Alguns estudos mostram
efeitos da narrativa escrita sobre a saúde em geral, física e psíquica, mesmo
de pessoas sãs. Os resultados são animadores, a tal ponto que a velha ideia do
“caro diário” foi revalorizada.
Na clínica, o objetivo é ajudar
o paciente a compreender melhor as questões que o inquietam, aproximar-se dos
sintomas e da dor psíquica de forma protegida, traduzindo emoções em palavras”,
diz o professor de psicossomática Luigi Solano, da Universidade La Sapienza, em
Roma, autor de Scrivere per pensare (Escrever para pensar, não lançado no Brasil).
Ele
acredita que a escrita terapêutica ajuda a pessoa a descrever detalhes de experiências
negativas, explicitar sentimentos, colocar os fatos em ordem cronológica e
estabelecer nexos.
Para ele, escrever e falar não se contrapõem, mas, diferentemente do que se dá na comunicação verbal, na qual há espaço para associações inesperadas, que muitas vezes levam a questões inconscientes intrincadas e fundamentais para o tratamento. Na escrita o foco é mais definido.
Para ele, escrever e falar não se contrapõem, mas, diferentemente do que se dá na comunicação verbal, na qual há espaço para associações inesperadas, que muitas vezes levam a questões inconscientes intrincadas e fundamentais para o tratamento. Na escrita o foco é mais definido.
Massimo Barberi é
jornalista científico.
Créditos: Texto: uol
Realmente, quando eu fiz tratamento,psicologico,
ResponderExcluira psicologa mandava eu, escrever tudo oque eu
sentia, e não coseguia falar.
adorei a materia,
Eva da Silva couto